Adriana Varejão | Alair Gomes | Amadeo Luciano Lorenzato | Bárbara Wagner & Benjamin de Burca | Efrain Almeida | Erika Verzutti | Ernesto Neto | Francisco Brennand | Gokula Stoffel | Iran do Espírito Santo | Ismael Nery | Ivens Machado | Jac Leirner | Janaina Tschäpe | Julião Sarmento | Leda Catunda | Marcelo Cipis | Mauro Restiffe | Rivane Neuenschwander | Robert Mapplethorpe | Rodolpho Parigi | Rodrigo Matheus | Sarah Morris | Sergej Jensen | Simon Evans™ | Tiago Carneiro da Cunha | Yuli Yamagata
A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar ‘Pulse’, projeto criado especialmente para a Frieze London 2020. Da impossibilidade de estar presente fisicamente em Londres, nasceu a ideia de hospedar a apresentação na Carpintaria, no Rio de Janeiro. A seleção de obras que integram “Pulse” investiga as múltiplas facetas do desejo e aquilo nos move: a pulsão de vida. Efrain Almeida, Leda Catunda, Jac Leirner, Rivane Neuenschwander, Janaina Tschäpe e Yuli Yamagata estão entre os artistas brasileiros que produziram novas obras para a ocasião. Também estarão em exibição trabalhos importantes de Alair Gomes, Sergej Jensen, Robert Mapplethorpe, Ernesto Neto, Adriana Varejão e Bárbara Wagner & Benjamin de Burca.
Os visitantes poderão apreciar as obras pessoalmente e se deliciar com a instalação, paralelamente ao formato digital do OVR. Para quem está fora do Brasil, a galeria oferecerá passeios virtuais guiados pelo espaço expositivo. Como ressalta Márcia Fortes, sócia da galeria, “estamos, na verdade, fazendo esta apresentação em nosso espaço no Rio com o propósito de trazer a tona o prazer que as obras suscitam, é uma celebração da experiência física da vida e da arte”.
“Tropics: Damned, Orgasmic and Devoted” (2020), de Rivane Neuenschwander, é peça central do projeto: um desenho contínuo de 4 m de comprimento que descreve criaturas antropomórficas entrelaçadas em um empurra empurra brutal. Falos, vulvas e outras partes do corpo lutam em poças lamacentas de sangue, fazendo referência ao estupro e ao derramamento de sangue como práticas formativas da miscigenação racial brasileira. Um cenário tropical colonial condenado, ao longo da história, a um poder externo; orgásmico, quando o papel da fantasia exótica é projetado sobre seu povo; e dedicado, ao longo da história, a movimentos religiosos duvidosos.
Outros destaques incluem “No More Secrets” (2020) de Yuli Yamagata, que retrata uma língua carnuda e rosada lambendo com desejo o lóbulo da orelha. Tecidos sintéticos macios e multicoloridos são costurados e colocados juntos em uma imagem gráfica. Colagem, degradação e deformação são gatilhos para questões de gosto, consumo e autoimagem. Já a pintura de Janaina Tschäpe, “Forest Edge” (2020), surge inicialmente como uma experiência sinestésica. Linhas e rabiscos intensos revelam traços da condensação e destilação dos sentidos, infundindo na obra uma poderosa corrente erótica.
Em “Autorretrato” (2020), de Efrain Almeida, o próprio artista é o modelo, retratado numa pose abertamente confessional. A escala diminuta é ao mesmo tempo afetuosa e intimidadora, aproximando o observador como cúmplice desta pequena mas monumental figura. A obra de Almeida muitas vezes trata do corpo, da sexualidade e da religião, permeada por referências de sua formação no Nordeste do Brasil.
Implicando também noções de sexualidade, um raro tríptico vintage de Alair Gomes capta os códigos de masculinidade, interação e intimidade entre homens, vistos em corpos atléticos de jovens na praia do Rio de Janeiro. Apesar do distanciamento físico de seus sujeitos – as fotos foram tiradas da janela de seu apartamento em Ipanema – e da representação formal dos mesmos, Gomes faz com que o objeto de desejo, no caso o corpo masculino, pareça tangível.