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O Canto do Bode

29 Jun – 29 Aug 2021


Casa da Cultura de Comporta
R. Do Secador 8, Comporta, Portugal

Primeiro ato: 29 Junho — 25 Julho
Segundo ato:  29 Julho  — 29 Agosto

Horários de visitação
Ter-sáb: 11h — 13h | 17h — 21h
Dom: 11h — 13h | 17h — 20h


Com cenografia  de João Maria Gusmão



Projeto Especial


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Press release (EN)

Alexandre da Cunha | Anderson Borba | Arnaldo de Melo | Caetano de Almeida | Cildo Meireles | Dalton Paula | Daniel Fagus Kairoz | Edu de Barros | Erika Verzutti | Ernesto Neto | Fernanda Gomes | Janaina Tschäpe | João Loureiro | João Maria Gusmão | Jorge Queiroz | Juan Araujo | Julião Sarmento | Kim Lim | Laura Lima | Leonor Antunes | Lucia Laguna | Luiz Zerbini | Manata Laudares | Marcius Galan | Marina Rheingantz | Marina Saleme | Mauro Restiffe | Michel Zózimo | Panmela Castro | Pedro Victor Brandão | Rebecca Sharp | Rivane Neuenschwander | Robert Mapplethorpe | Sheroanawe Hakihiiwe | Tadáskía | Tonico Lemos Auad

Fortes D’Aloia & Gabriel, Galeria Luisa Strina e Sé têm o prazer de anunciar O Canto do Bode, uma exposição colaborativa na Casa da Cultura da Comporta, em Portugal. São três galerias brasileiras de gerações distintas que se unem à iniciativas globais de construção de novos modelos de atuação diante de um contexto inédito no circuito das artes. As obras de 32 artistas representados pelas galerias, além de 4 artistas convidados, ocupam o antigo cinema da histórica Casa da Cultura, na Fundação Herdade da Comporta, que se converte numa galeria pop-up no verão europeu .

 

A exposição que acontece em dois atos, é estruturada como uma peça de teatro, com arquitetura concebida pelo artista João Maria Gusmão, e uma narrativa que se desdobra simultaneamente na plateia, palco e bastidores. O título faz referência ao termo grego tragoedia [tragos (“bode”) e oidé (“canto”) e celebra a tradição brasileira de sacralização do profano e profanação do sagrado, desconstruindo a dicotomia entre o dionisíaco e o apolíneo.

 

No proscênio, mirando a plateia, as baquetas penduradas da obra Slit IX (2019), de Alexandre da Cunha, definem o ritmo do primeiro ato, no pulso do erotismo. A obra inédita de Ernesto Neto, Umbigo Ventre Fruto Arte, 2021, também evoca ritmo e fertilidade. Sheroanawe Hakihiiwe incorpora desenho e cor à tradição oral da cultura Yanomami – El Alto Orinoco, Venezuela – sua cosmogonia e ancestralidade.  A pintura de Edu de Barros remete à história dos afrescos e sua relação com a ascensão espiritual enquanto o universo pós simbólico de Jorge Queiroz se revela em sua pintura enigmática.

 

No centro do palco, as obras de Daniel Fagus Kairoz e Cildo Meireles questionam momentos políticos infames na história brasileira. Em The Weeping White Man e Word (ambas 2020), o artista convidado Anderson Borba justapõe práticas da escultura modernista e de artistas autodidatas para tratar de temas atuais. As esculturas suspensas de Leonor Antunes usam materiais como o vime e latão criando uma coreografia visual enquanto as pinturas Depois da Tempestade de Rivane Neuenschwander (2021) sugerem novas topologias desenhadas com papel embebido pelas chuvas tropicais, passando para a natureza empírica na pintura luxuriante de Laguna Laguna. A reformulação de significados do mundo material permeia a exposição e também se reflete nas obras de Joao Loureiro, Manata Laudares e Pedro Victor Brandão.

 

Explorando as relações entre o espaço interior e exterior, seja como lugar imaginário ou representativo, o segundo ato abre o palco com as obras históricas Narcissus (1959) e Caryatid (1961) de Kim Lim, que reconhecem o seu interesse por civilizações antigas enquanto ativam a tensão entre uma experiência ordenada e os ritmos dinâmicos das formas orgânicas. A prática pictórica e meditativa de Rebecca Sharp revela senários insólitos e surreais e Bandeirinha (2013) de Marcius Galan questiona as capacidades metafóricas no espaço e nossa relação com ele.

 

O gesto abstrato confere materialidade à tensão psicológica, nas pinturas de Arnaldo de Melo e na tela de Janaina Tschäpe, enquanto Marujo (2020) de Marina Rheingantz sugere a reconstrução de uma memória. A representação da figura surge no trabalho da Panmela Castro que retoma a tradição do retrato em pinturas de seus contemporâneos dos circuitos das artes e do ativismo social  assim como no retrato de Dalton Paula  através de um processo de reinterpretação de identidades históricas e culturais da diáspora negra. O corpo aparece como esculturas clássicas nas fotografias de bailarinos de Robert Mapplethorpe e como um desenho inusitado em três dimensões na escultura do torso tatuado de Joao Maria Gusmão. Nos trabalhos de Mauro Restiffe e Juan Araujo, palimpsestos de narrativas da arquitetura e arte suspendem-se na história da própria imagem enquanto vestígios do estúdio e restos do mundo extemporâneo se articulam nas obras de Erika Verzutti e Fernanda Gomes.

 

Na encenação de dois atos ao longo da exposição, diálogos e sinergias se estabelecem entre artistas de distintas gerações e percursos formais. O Canto do Bode reafirma assim seu enredo- a possibilidade de integração de vozes que, juntas propõem novas narrativas.

 

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