RAW!
22 Jun – 31 Aug 2024
Galpão
Rua James Holland 71
São Paulo
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Texto crítico por Tiago Mesquita (PT)
Critical essay by Tiago Mesquita (EN)
Fortes D’Aloia & Gabriel e HOA apresentam RAW!, exposição coletiva simultânea interseccional, fundamentada na produção de artistas de ambos programas e distribuída por dois galpões na Barra Funda.
A partir do desejo compartilhado de promover trocas e explorar modelos horizontais de organização, Fortes D’Aloia & Gabriel e HOA fundem diferentes gerações de artistas e suas respectivas abordagens, linguagens e mídias em uma única mostra de intercâmbio entre os espaços expositivos de ambas as galerias. Em exibição a partir de 22 de junho, RAW! subsidia um campo de articulações para diálogos convergentes entre jovens artistas e nomes já estabelecidos por meio da expressão. Do vídeo à escultura, a exposição reúne práticas diversas em categorias instalativas, audiovisuais e pictóricas.
A HOA abre suas portas a uma escultura imersiva de Ernesto Neto em contraste com o trabalho de Nidia Aranha e, também, abriga a primeira edição da programação presencial do fdag-film, plataforma digital de vídeo-arte e imagem em movimento da Fortes D’Aloia & Gabriel. Ao longo da exposição serão apresentadas obras de Babi Mello, biarritzzz, Caio Rosa, Cristiano Lenhardt, Ivens Machado, Nico Mascarenhas, Rivane Neuenschwander, Ernesto Neto, Rodrigo Cass, Sara Ramo e Janaina Tschäpe, entre outros. Corpo, natureza, movimento e tecnologia – em composições que sobrepõem escalas de tempo – torcem as narrativas estabelecidas.
Na FDAG, pinturas, fotografias, esculturas e assemblages dão forma a um espaço atravessado por tensões entre cor, textura e matéria. Os trabalhos de Ana Clara Tito e Iah Bahia empregam o contraste entre materiais da construção civil e tecidos frágeis, enquanto as obras de Igi Lola Ayedun, Anderson Borba e Almeida da Silva organizam superfícies carregadas de informação textural, recompondo a materialidade habitual de seus suportes. Beatriz Milhazes, Janaina Tschäpe, Leda Catunda, Mariana Rocha e Marina Rheingantz apresentam composições que sugerem expansão e movimento, comunicando um ritmo vital e encadeando visões oníricas. As pinturas de Bertô, Márcia Falcão e Mika Takahashi trazem gestos marcados que traduzem o corpo-a-corpo da sua fatura, assim como materiais corriqueiros são ressignificados nas práticas de Antonio Tarsis e Derrete, traduzindo a aspereza da atmosfera urbana.
Ainda passeando pela curadoria hospedada na FDAG e na HOA, os trabalhos de A Loja de Atrocidades e h4wnee, nos quais a variedade de elementos levam à desorientação pela simultaneidade, formam um contraponto à solidão metafísica da escultura de Efrain Almeida ou à placidez alegórica da fotografia cotidiana de Mauro Restiffe e Rafaela Kennedy. As esculturas de Cristiano Lenhardt, Erika Verzutti e Labö Young reconfiguram elementos da arquitetura vernacular, experiências volumétricas e texturais que suscitam silhuetas orgânicas. Finalizando o ciclo condutor da exposição, o limiar entre o humano e o inumano dos trabalhos de Janice Mascarenhas e Nídia Aranha distorcem a consistência do corpo na referência à tecnologia reprodutiva e à objectualidade, por meio da encenação crítica em oscilação entre sujeito e objeto.
Durante o dia de abertura, a programação recebe duas performances: Jussaras, de Cristiano Lenhardt, em trânsito pelos dois espaços, enquanto Felipa Damasco apresenta Cabelo crespo não molha na Fortes D’Aloia & Gabriel, às 15h.