A apresentação reúne um conjunto de obras que orbitam em torno da ideia da “casca”, não apenas como uma alusão à natureza, mas como um conceito plástico e poético. Duas composições curvas sugerem cascas de insetos ou etapas de uma metamorfose em curso. Evidencia-se o interesse da artista pela fantasia, em sua relação com os ciclos de vida em transformação, por meio de planos de cor que se influenciam mutuamente e brincam nas dobras da casca. Além desses trabalhos, a exposição inclui composições que fundem palavra, poema, desenho e pintura. Algumas pinturas assumem um caráter móvel conforme se movimentam, giram ou se desdobram no espaço, expandindo o diálogo entre escultura e espaço.
Perseguindo a transformação como premissa tanto existencial quanto plástica, os trabalhos de Tadáskía constroem um universo de múltiplas referências. Em seu universo, encantamento, realidade e poesia dão origem a significados visuais e também a sugestões místicas. A artista possui fortes afinidades com a história da comunidade trans, com a ancestralidade afro-diaspórica e afro-brasileira e com narrativas afro-indígenas, que atuam como afluentes de um contínuo estudo existencial. Os diversos desdobramentos de sua prática compartilham um fio condutor em sua relação com o desenho. A um só tempo marcações e apagamentos, suas linhas — feitas em pastel seco, spray, lápis de cor, caneta ou carvão — formam emaranhados gráficos que evocam seres flutuantes sem torná-los plenamente reconhecíveis.