A Terceira Mão
6 Feb – 25 Mar 2017
Curadoria de Erika Verzutti
Abertura
6 Feb, 19h–22h
Galeria
Rua Fradique Coutinho, 1500 - Vila Madalena, São Paulo
Como chegar
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Adriana Varejão | Adriano Costa | Daniel Albuquerque | Daniel Rios Rodriguez | Daniel Sinsel | Erika Verzutti | Francesco João Scavarda | Gabriel Lima | Gokula Stoffel | Isa Genzken | Matthew Lutz-Kinoy | Pedro Caetano
Temos o prazer de apresentar A Terceira Mão, exposição coletiva sob curadoria de Erika Verzutti que abre a programação 2017 da Fortes D’Aloia & Gabriel. A mostra reúne um conjunto de pinturas que têm em comum a tridimensionalidade e o uso de objetos em sua superfície. Essa questão, recorrente na pintura contemporânea, também permeia a obra da própria artista, que cada vez mais trabalha esculturas que migram para a parede.
A “terceira mão” do título alude a um ritual de finalização, onde penas, dedos, ovos, sangue, cabelos, cigarro e dinheiro são adicionados no momento final de produção da obra. É também uma citação enviesada do processo descrito por Philip Guston1, no qual uma presença externa (divina?) interfere nas decisões do artista. Diferentemente dos objetos adicionados para encorpar telas expressionistas abstratas, estes trabalhos demonstram outras motivações, não exclusivas à pintura, mas relacionadas ao atual “estado da imagem”.
A leitura de imagem na contemporaneidade está permeada de percepções híbridas e imateriais, e se dá através de telas de computadores e telefones, em combinações de emojis e caracteres. Mas diferentemente do engajamento analítico da arte pós-internet, que se utiliza dessa mesma linguagem, essas obras relacionam-se de forma oposta e abraçam a riqueza e os desafios da visualidade com suas abordagens intuitivas. São trabalhos que permitem uma maior discussão sobre a diversidade das mídias, além dos papéis da arte, do artista e do espectador dos dias atuais.
A pintura Adriano, 2015, de Pedro Caetano, traz uma face caolha colorida como nas histórias em quadrinhos, apontando um cigarro aceso para fora da tela. Com uma linguagem similar, Divine Tree, 2015, de Matthew Lutz-Kinoy, apresenta uma orgia de macacos em grande proporção no teto da galeria, forçando o espectador a desviar o olhar para adentrar no mundo extraordinário dos protagonistas. Já Daniel Rios Rodriguez e Gokula Stoffel exploram a materialidade em seus trabalhos. Enquanto Rodriguez reúne objetos de origem natural e sintética em New Walk, 2015/2016, numa combinação abstrata de cores sóbrias e quentes, Stoffel na obra Véu, 2016, aborda a intimidade e aos laços afetivos através de uma composição formada por uma trança de cabelos sintéticos, uma peça de tear e um lençol branco usado por um casal durante dez anos.
Gabriel Lima, Francesco João Scavarda e Adriana Varejão trabalham técnicas clássicas em suas pinturas. Lima utiliza tinta óleo e acrílica para compor a tela Untitled, 2017, que lembra um cenário espacial, mas logo nos traz de volta com as sete peças de dominós coladas em sua superfície. O guache é usado por Scavarda em Untitled, 2017, para retratar talhas remendadas por fitas adesivas, sugerindo lesões em um mar cinza infinito. Quadro Ferido, 1992, obra histórica de Varejão, traz um ferimento exposto diretamente na representação pictórica de uma narrativa colonial.
A artista alemã Isa Genzken mostra Geldbild X, 2014, uma tela com notas e moedas coladas, numa tentativa de desassociá-las de sua função primária para exaltar matéria, forma e iconologia. Diferentemente de Genzken, Daniel Sinsel incorpora materiais orgânicos como sementes ou peles de animais em composições que perpassam a superfície bidimensional da tela. Em Untitled, 2012, quatro dedos extrapolam os limites da tela, ao passo que em Untitled, 2013, sementes de castanhas não conseguem sobrepor as tramas.
Os trabalhos de Daniel Albuquerque e Erika Verzutti representam a própria tela e trazem o relevo como mídia. Em Untitled, 2016, Albuquerque pinta diretamente na parede com tinta spray verde e vermelho, que é sobreposta por uma peça manufaturada em tricô de cores terrosas, alterando a percepção das cores. Verzutti, em Paisagem com Ovos, 2017, utiliza um material clássico como o bronze para situar ovos de codorna na parte inferior transformando a sua superfície.
1 Conversations with Philip Guston. Filme dirigido por Michael Blackwood, encontrado aqui.