2025-09-04_Pélagie Gbaguidi - Bienal de São Paulo-014

Pélagie Gbaguidi – 36ª Bienal de São Paulo

5 Sep 2025

Pélagie Gbaguidi

Na 36ª Bienal de São Paulo — Nem todo viandante anda estradas: da humanidade como prática — Pélagie Gbaguidi apresenta Guardians of Cosmos, uma instalação composta por cinco pinturas reunidas dentro de uma estrutura de madeira que remete à forma mais elementar de abrigo: a tenda. A obra funciona ao mesmo tempo como refúgio e como superfície. Na face frontal de cada pintura, Gbaguidi emprega traços gráficos abstratos que evocam marcas corporais, memória e inscrições gestuais, criando uma linguagem visual tanto íntima quanto universal. Cada pintura é também dedicada a um dos elementos primordiais — alimento, água, floresta, ar e vida selvagem — estabelecendo uma conexão entre a existência material e referenciais espirituais e ecológicas. No verso, a artista representa plantas de casas típicas da África Ocidental, convidando o público a circular pela instalação e descobrir essas referências arquitetônicas enraizadas no território.

Vista da instalação de Pélagie Gbaguidi durante a 36ª Bienal de São Paulo © Levi Fanan / Fundação Bienal

 

Por meio desse trabalho, Gbaguidi dá continuidade à sua investigação sobre as correntes sociais e simbólicas dos legados coloniais e pós-coloniais. Sua pesquisa se debruça sobre narrativas ancestrais e estratégias contemporâneas de reconfiguração da história a partir de uma perspectiva decolonial. Trechos impressos relacionados ao direito à moradia, extraídos da Constituição Brasileira, ancoram a obra em um contexto legal e político, provocando reflexões sobre as interseções entre habitar, vida coletiva e justiça social.

A coreografia visual de Gbaguidi encarna saberes, filosofia e existência africanos, estabelecendo um diálogo entre conflitos ancestrais e suas manifestações contemporâneas. A instalação funciona como metáfora de sua prática artística em sua totalidade — e de seu papel como griot contemporânea, contadora de histórias da África Ocidental e arquivo vivo de tradições orais e narrativas ancestrais. Ao entrelaçar formas arquitetônicas, consciência histórica, elementos primordiais e experiência pessoal, a obra convida o público a se engajar com as camadas de herança, justiça e imaginação coletiva.

 

A 36ª Bienal de São Paulo é conduzida pelo curador geral Prof. Dr. Bonaventure Soh Bejeng Ndikung com sua equipe de cocuradores composta por Alya Sebti, Anna Roberta Goetz e Thiago de Paula Souza, além da cocuradora at large Keyna Eleison.

 

06.09.2025 — 01.11.2026
Parque Ibirapuera, São Paulo, Brasil