Leda Catunda
Paisagem selvagem
10 Aug – 11 Oct 2024
Carpintaria
Rua Jardim Botânico 971,
Rio de Janeiro
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Fortes D’Aloia & Gabriel apresenta Paisagem selvagem, a nova mostra de Leda Catunda na Carpintaria, que marca o retorno da artista ao Rio de Janeiro uma década após sua última exposição individual na cidade, no Museu de Arte Moderna. Os trabalhos apresentados mostram uma inflexão barroca na sua pesquisa, onde o acúmulo de elementos têxteis e citações imagéticas que caracteriza sua obra é intensificado por uma multiplicação de procedimentos e ornamentos e pela proliferação de formas de língua, saliências, barrigas estofadas e abas de tecido de todas as cores. Refletindo sobre o fluxo de estímulos visuais e digitais, Catunda se debruça sobre nossa exposição incessante aos ícones, signos e emblemas da cultura de massas.
Acrescentando uma gama de referências paisagísticas a essa dimensão tipicamente contemporânea, a artista abre caminho para uma paradoxal junção de natureza e artifício, desierarquizando pretensões de gosto e registros altos e baixos num processo onívoro e voraz. Nesses híbridos de pintura e objeto, motivos históricos como o santo católico em São Tomás (2024) convivem com as logomarcas e gráficos ready-made de um trabalho como Paisagem selvagem II (2024). Em Cinema (2024), estampas de camisetas com imagens de filmes cult, como Lolita ou De volta para o futuro formam a superfície de um volume almofadado, numa compilação de referências reunidas pela artista que entrelaça o lado afetivo da memória com os objetos e produtos da indústria cultural.
A produção de formas curvas, serpentinadas, enrugadas, enroladas, dobradas, acumuladas, antitéticas e labirínticas alcança o volume máximo em Paisagem selvagem II, citada acima, e Caprichosa (2024), onde toda essa cornucópia visual se dispõe em um tableau de cenas fragmentárias. Nestas obras a tendência maximalista e cumulativa deste corpo de trabalho se condensa de maneira enfática.
Desde sua última mostra individual no ICA Milano, em 2023 na Itália, a ênfase de Catunda sobre o drapeado, o caimento, a costura e a estamparia fazem da indumentária, da silhueta e da fisionomia humanas material de composição plástica e conceitual, principalmente em trabalhos como Sete saias (2024).
“O excesso de imagens em tudo que nos cerca gera uma forte ilusão de velocidade. Seja no âmbito virtual, na internet, ou real nas irriquietas superfícies que revestem as cidades, nas ruas, edifícios ou mesmo nas roupas das pessoas, essa visualidade pungente parece provocar a sensação de um encurtamento do tempo. Assim nos tornarmos ansiosos do porvir, de um futuro que nos surpreenda mesmo sem que tenhamos podido optar, escolher. Nessa nova realidade nada acontece, tudo flui. E, desta maneira a vida segue o fluxo louco dos acontecimentos repentinos. A adaptação implica noutra sorte de raciocínio, numa modificação do sistema associativo para reencontrar capacidade de leitura deste novo real e assegurar espaço para novas ideias e novos destinos.” – Leda Catunda
A exposição é acompanhada por um ensaio crítico de Carlos Eduardo Riccioppo, Professor Doutor do Departamento de Artes da Universidade Estadual Paulista – Unesp.