A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Incide/Inside, o mais recente vídeo do artista mexicano Damián Ortega. Transitando entre suportes variados, como fotografias, vídeos, esculturas e instalações, o artista demonstra sua capacidade de criar obras que explicitam um fértil diálogo entre "matéria e forma, ação e pensamento".
Projetado na parede do espaço expositivo superior da galeria, Incide/Inside, tem 5 minutos de duração. Gravado em 2006 nas ruas da cidade de São Paulo, durante o período em que o artista esteve no Brasil para a montagem de seu trabalho para a 27ª Bienal Internacional de São Paulo – especificamente no trajeto entre o hotel e o prédio da Fundação Bienal – o vídeo é uma rápida seqüência de centenas de imagens de postes e árvores. Ortega enquadra-os da metade para baixo, focando o encontro destas árvores e postes com as calçadas e gramados em que se encontram. Daí a origem do nome Incide/Inside, que não deixa de ter um tom erótico e humorado, já que Ortega anima o que há de mais estático no cotidiano: um poste.
A velocidade acelerada da seqüência das imagens e o som desconexo de motores de carros e businas, conferem ao vídeo um ritmo frenético que torna impossível a apreensão de uma única imagem individualmente. Incide/Inside revela uma das características mais importantes da poética de Ortega: sua irreverência em apropriar-se de objetos cotidianos, explorando suas potencialidades a partir de sua desconstrução.
Ortega discute os limites da criação artística utilizando tijolos, cadeiras, cabides, carros e até tortilhas, a típica comida mexicana, e subvertendo seus significados e funções. O artista altera, decompõe e transforma os objetos, revelando seus componentes escondidos, implícitos e simbólicos e criando formas hibridas que direcionam o olhar do espectador para elementos cotidianos que raramente chamariam sua atenção. Ortega discute a questão do lugar do espaço social e da natureza dentro do caos da realidade urbana contemporânea.
Damián Ortega possui um merecido reconhecimento internacional; em 2006, além da participação na 27ª Bienal de São Paulo, o artista fez uma residência no DAAD Residency Program, em Berlim. Em 2005, expôs Compresion/Depression na Tate Modern em Londres e, em 2003, mostrou na 50a Bienal de Veneza, sua famosa obra Cosmoc Thing, em que um fusca desmembrado tem seus pedaços pendurados por fios de aço pregados no teto.