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Marcelo Cipis
Yuli Yamagata

Dois pra cá, dois pra lá

22 Mar – 13 May 2023


Abertura

22 Mar, 18h–21h


Carpintaria

Rua Jardim Botânico 971,
Rio de Janeiro

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Ensaio Crítico por Thiago M. Moyano (PT)

Ensaio Crítico por Thiago M. Moyano (EN)

A Fortes D’Aloia & Gabriel e a Gomide&Co têm orgulho de apresentar Dois pra cá, dois pra lá, exposição de Marcelo Cipis e Yuli Yamagata na Carpintaria, Rio de Janeiro. Nesse diálogo, os artistas fundem seus vocabulários formais e repertórios temáticos. Põem para conversar as figuras, texturas e cores que aparecem em suas obras, dando forma a uma espécie de casa mobiliada e habitada pelos seus personagens. As pinturas, desenhos e esculturas de Cipis que partem de um amálgama de idiomas gráficos decorativos e soluções plásticas pós-industriais compartilham o espaço com as composições hiperbólicas, volumosas e texturalmente híbridas de Yamagata.

 

Os trabalhos de Marcelo Cipis delineiam um recorte temporal impreciso, aproveitando dos anos 1920 os ângulos art deco de seu traço, dos 1950s a paleta cromática de cartazes publicitários e a sofisticação do mobiliário. O design de embalagens e produtos em tons pastel dos anos 1960 convive com desenhos de edifícios que remetem aos módulos plug-in da arquitetura pop. Em Perna Pêndulo (2017), Cipis produz um relógio cujo ponteiro pendular é uma perna humana, elegantemente vestida com sapato de salto e saia rosa. Em Lavabo (2020), pinta figuras de cabelo azul entre pia, espelho, tapete e luminária. Não é claro se as figuras são uma estampa na parede ou se flutuam entre os objetos. É esse encontro entre corpo humano e elementos decorativos e funcionais que dá à arquitetura cenográfica de Marcelo Cipis o seu caráter astuto e atemporal.

 

Nas esculturas, pinturas, e pinturas-escultura de Yuli Yamagata convivem peças de roupa, alimentos, objetos domésticos, silhuetas humanas e contornos de animais. Elastano, fibra siliconada, linha de costura, algodão e tecidos tingidos com shibori dão corpo a essas figuras. A artista emprega a costura como desenho, o estofado e os elementos têxteis como técnica de pintura, e a dimensão volumétrica da escultura organiza a espacialidade de seus trabalhos. Constrói Revisteiro (2023) com espigas de milho, ferro, pés protéticos e tênis; e monta Planeta Ordenadora (2023), uma mesa de computador, com estofados serpenteantes, uma almofada no lugar do monitor e um pé amputado escondido em seu interior. O mobiliário doméstico de Yamagata parece obedecer a uma ergonomia alienígena, e os dois trabalhos são cobertos por uma resina verde extraterrestre.

 

Com essa reunião de obras dos dois artistas, instaura-se um contexto em que a ambiência doméstica e a presença ubíqua dos produtos que a habitam estão transformados por procedimentos tão hábeis quanto irônicos, estabelecendo uma estranheza incontornável no seio do habitual. O trabalho de ambos dota o corriqueiro de ares fantásticos, lúdicos e inquietantes.

 

 

Marcelo Cipis (São Paulo, 1959). Vive e trabalha em São Paulo, representado pela Gomide&Co. Entre suas exposições recentes, destacam-se as individuais Enjoy, na Bergamin & Gomide (São Paulo, 2021); A Maravilhosa Cipis Transworld, na Spike Art Quarterly (Berlim, 2017) e Marcelo Cipis & Thomaz Rosa, na BFA Boatos Fine Arts (Milão, 2016), além de sua participação na 14ª Bienal de Curitiba, em 2019, com pinturas da série Drops. Em 1991, integrou a 21ª Bienal de São Paulo com a instalação “Cipis Transworld, Art, Industry & Commerce”.

 

Yuli Yamagata (São Paulo, 1989). Vive e trabalha em São Paulo, representada pela Fortes D’Aloia & Gabriel. Entre suas exposições recentes, destacam-se Afasta Nefasta, Ordet, Milan, Italy (2022); Insônia, Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo, Brasil (2021); Nervo, MAC Niterói – Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói, Brasil (2021); Sweet Dreams, Nosferatu, Anton Kern Gallery, New York, USA (2021); Art Basel Parcours, Basel, Switzerland (2021); Bruxa, Galeria Madragoa, Lisboa, Portugal. Dentre as exposições coletivas destacam-se: The Post Modern Child, MOCA – Museum of Contemporary Art Busan, Busan, Korea (2023); Who Tells a Tale Adds a Tail, Denver Art Museum, Denver, USA (2022); FARSA. Língua, fratura, ficção: Brasil-Portugal, Sesc Pompéia, São Paulo, Brasil (2020).

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Vistas da exposição
Obras

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