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Márcia Falcão – 36ª Bienal de São Paulo

5 Sep 2025

Márcia Falcão

A apresentação de Márcia Falcão na 36ª Bienal de São PauloNem todo viandante anda estradas: Da humanidade como prática – propõe uma imersão do observador em um espaço formado por cinco pinturas em grande escala. O conjunto sintetiza três anos de pesquisa, construindo uma narrativa coesa em torno do corpo, tema central na trajetória da artista. Sua pintura busca reafirmar presenças historicamente invisibilizadas, sem julgamentos de valor, mas marcando sua existência. A partir de 2022, a artista passou a extrapolar a anatomia desses corpos — multiplicando membros e cabeças — como recurso de liberdade, em que tais alterações se integram naturalmente à realidade pictórica, mais real que a anatomia natural.

Márcia Falcão, Posição 22, da série Ioga Psicológica, 2025. Ph: Rafael Salim

 

A pesquisa se desdobra em diferentes séries. Em Ioga Psicológica, o corpo aparece em ambientes claustrofóbicos, pondo força e imobilidade em tensão. Dela derivam dois caminhos: Monumentais e Capoeira em Paleta Alta. Nas primeiras, a escala e o contraste cromático impõem presenças intensas, em composições que ocultam parcialmente corpos sob movimentos turbulentos. Já nas Capoeiras, a energia potencial da Ioga se transforma em dinamismo, investigado pela pincelada e pela contaminação cromática. Passinho, que alude à dança do funk carioca, traz uma ampliação da lógica do desenho de Falcão. A repetição rítmica, aqui, leva a composições baseadas em hachuras, nas quais um único frame se desdobra em espelhamentos e distorções, evocando figuras como Madonas contemporâneas, a Vênus de Willendorf e o malandro lendário “Cara de Cavalo”. Nessa etapa, a pesquisa se enraíza também na história e no tempo, atravessando maternidade, liberdade e memória. Em Malandra não para, a questão se desloca para a potência da pausa. Diferente da força imóvel da Ioga, aqui o corpo repousa pelo peso de si mesmo, em contraste com o movimento do fundo. Surge, assim, um olhar acusatório e consciente, capaz de refletir sobre sua condição e denunciar violências.

 

Márcia Falcão, Meia lua de compasso, da série Capoeira em Paleta Alta, 2025. Ph Rafael Salim

 

Ateliê Márcia Falcão, Rio de Janeiro, 2025. Ph: Rafael Salim

 

A 36ª Bienal de São Paulo é conduzida pelo curador geral Prof. Dr. Bonaventure Soh Bejeng Ndikung com sua equipe de cocuradores composta por Alya Sebti, Anna Roberta Goetz e Thiago de Paula Souza, além da cocuradora at large Keyna Eleison.

 

06.09.2025 — 01.11.2026
Parque Ibirapuera, São Paulo, Brasil

Imagens