Vista da instalação de Antonio Társis na 36ª Bienal de São Paulo © Eduardo Ortega

Antonio Társis – 36ª Bienal de São Paulo

5 Sep 2025

Antonio Társis

Antonio Társis apresenta Orchestra Catastrophe: Act I, uma instalação composta por fragmentos de caixas de fósforos, instrumentos, carvão, cordas e componentes eletrônicos, dispostos em torno de uma estrutura suspensa. O espaço opera como uma zona de ruína e colisão entre matéria, ritmo e memória, um campo aberto onde mecanismos de ruído e fricção ativam reações sonoras. No centro da instalação, um tambor é ritmicamente percutido por pêndulos de carvão em movimento, ativados por um sistema de automação mecânica. O carvão se despedaça a cada impacto e produz manchas gráficas nas peles do tambor, gerando um colapso sonoro marcado pela repetição e pela erosão, evocando ciclos de destruição e sobrevivência.

Vista da instalação de Antonio Társis na 36ª Bienal de São Paulo © Eduardo Ortega

Nesta obra, Társis expande sua prática mais ampla de adotar o reprocessamento de objetos cotidianos como tática compositiva e crítica. Caixas de fósforos, caixas de frutas e fragmentos de carvão, materiais recorrentes em sua obra, são escolhidos justamente pelas noções de fragilidade e descarte associadas a eles, funcionando como registros visíveis dos efeitos do tempo. Seus tons desbotados, superfícies frágeis e texturas quebradiças expõem processos de erosão e perda, ao mesmo tempo em que abrem espaço para reinscrições por meio da colagem, do desenho e da transformação mecânica. Ao sobrepor novos sistemas de abstração e sonoridade aos significados intrínsecos desses objetos, Társis os mobiliza como metáforas da instabilidade da memória, tanto individual quanto coletiva, em meio a contextos de degradação social e transformação física.

 

Orchestra Catastrophe: Act I encena, assim, uma coreografia do colapso: cada impacto fragmentado do carvão contra o tambor não apenas produz ruído, mas também torna audível a fragilidade da matéria como registro do tempo vivido. A instalação se torna um assemblage vivo em que destruição, ritmo e renovação são inseparáveis, propondo a arte como campo onde a volatilidade dos materiais cotidianos espelha os ciclos precários de sobrevivência no mundo contemporâneo.

 

Vista da instalação de Antonio Társis na 36ª Bienal de São Paulo © Eduardo Ortega

 

Detalhe da instalação de Antonio Társis na 36ª Bienal de São Paulo © Eduardo Ortega

 

Vista da instalação de Antonio Társis na 36ª Bienal de São Paulo © Eduardo Ortega

 

Detalhe da instalação de Antonio Társis na 36ª Bienal de São Paulo © Eduardo Ortega

 

A 36ª Bienal de São Paulo é conduzida pelo curador geral Prof. Dr. Bonaventure Soh Bejeng Ndikung com sua equipe de cocuradores composta por Alya Sebti, Anna Roberta Goetz e Thiago de Paula Souza, além da cocuradora at large Keyna Eleison.

 

06.09.2025 — 01.11.2026
Parque Ibirapuera, São Paulo, Brasil