A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Quase Cheio, Quase Vazio de Sara Ramo. Em sua segunda exposição individual na galeria, a artista apresenta obras feitas em suportes variados como colagens, projeções de vídeos, instalação e fotografia.
Quase Cheio, Quase Vazio se relaciona com as diferentes formas de percepção, o que, de um ponto de vista, pode estar quase cheio, de outro, pode estar quase vazio. Para Ramo “esta ambigüidade cotidiana muitas vezes se define para um lado ou outro, pela predisposição com que abordamos determinado tema”. As obras, concebidas especialmente para a mostra, discutem também os processos de mudança através da potência expressiva de determinados objetos.
Na única instalação da exposição, Para Levar, Ramo forra completamente com papelão um depósito sob a escada da galeria, criando uma enorme caixa. Com a porta do lugar entreaberta e uma pequena luz interna, o espectador é convidado a entrar no espaço embora o lugar não tenha a altura suficiente para um adulto ficar em pé. A artista explora a caixa enquanto objeto simbólico de uma mudança física e espacial.
Duas colagens da série Por Todos os Cantos, feitas com papéis de revistas, são dispostas em uma mesma parede. Nestas obras, a artista une duas vertentes de seu trabalho com colagem: o uso de imagens prontas – como na série Nova Atlântida (2004) – e as composições abstratas, anteriormente exploradas nas colagens Embolar (2005 – 2008). Ramo sobrepõe fotografias, inventando novos espaços nos quais dentro e fora se confundem.
Em um dos três vídeos expostos, a própria artista aparece retirando inúmeros objetos cotidianos e inusitados como serrote, cobertor, luminária, aspirador de pó, aparelho de telefone, etc., de dentro de uma mala que parece ter um fundo infinito. Depois de retirar tudo, Ramo entra dentro da mala e fecha sua tampa. Em Bem Vindo, diversas cenas de diferentes portas surpreendem o espectador a cada momento. Quase Cheio, Quase Vazio, que dá título à exposição, é composto por duas projeções sincronizadas. Neste vídeo, Ramo re-visita o bairro em que passou parte da sua infância em Madri. No local vazio, de ruas estreitas e paredes com tijolos à vista, uma bola envolta com saco bolha, pequenos flocos de isopor e uma caixa se revezam entre os planos. “Eles pertencem ao mesmo grupo, (caixa, proteção de isopor e objeto) mas neste labirinto que proponho, eles nunca se encontram embora estejam no mesmo limbo”, afirma a artista.
Quase Cheio, Quase Vazio confirma a maneira singular com que a artista transita entre linguagens diversas e sua coesão e delicadeza ao abordar temas concretos de uma forma onírica.