Em sua primeira exposição individual na Galeria Fortes Vilaça, o artista Rodrigo Matheus apresenta cinco obras inéditas da série O Mundo em que Vivemos. Entre instalações e objetos, Matheus explora formas de representar a natureza através da artificialidade mecânica ou digital.
O Mundo em que Vivemos evidencia o fato de que nossa percepção do mundo e da natureza se dá, muitas vezes, através de simulacros. Na obra Sem título (Watercycle), um umidificador lança incessantemente seu vapor sob um facho de luz. Tanto a máquina como a luz estão apoiadas em tripés com fios aparentes, e, apesar de toda esta estrutura se revelar como ela é, a obra guarda uma aura de dramaticidade e mistério.
Na instalação Workstation, Matheus constrói uma estação de trabalho improdutiva, discutindo a idéia de “produtividade” e “eficiência”. Seis computadores presos a uma estrutura metálica são dispostos uns na frente dos outros. Os monitores exibem repetidamente imagens de cenários extraídos de jogos de vídeo-game. Matheus re-enquadra a cena original dos jogos descartando os personagens, ícones e trilha sonora, mostrando apenas seqüências de paisagens e fenômenos naturais representados de modo fantástico. Os tempos dos vídeos são estendidos, enquanto os movimentos de câmera percorrem cachoeiras, montanhas, pores do sol, nuvens e estrelas, propondo um instante contemplativo em meio a uma vida frenética pautada pelo trabalho. Para completar a instalação, “stonespeakers” são colocados sob as mesas, emitindo gravações de diversos sons naturais reais. O artista incorpora os fios, cabos e parafusos do que se apropria, explorando-os como elementos formais, significativos na obra. Em Criptonita, um cristal bruto é colocado sobre um disco giratório, passando de tempos em tempos sob um feixe de raio laser que lhe empresta um brilho artificial.
Como afirmou o crítico Rodrigo Moura, “Matheus não se prende a um suporte específico, mas parece articular diversos meios (pintura, escultura, obras em papel, instalação, arquitetura e programação visual) para aproximar temas próprios da arte àqueles de uma visualidade mais ordinária ou aplicada.”
O artista realizou as exposições institucionais Centurium, no Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil, em 2006 e A Volta da Arquitetura, no Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo, em 2005; além de expor regularmente em galerias internacionais e participar de importantes coletivas em museus como MAM – Museu de Arte Moderna e MIS – Museu da Imagem e do Som, ambos em São Paulo.