No Direction Home – um famoso verso de Bob Dylan – é o título da instalação inédita que o alemão Franz Ackermann criou especialmente para a Galeria 2 na Fortes Vilaça. A obra trata da relação que o artista mantém com a cidade de São Paulo desde que aqui chegou pela primeira vez em 1998.
Considerado um dos melhores artistas da atualidade, a principal fonte de criação de Ackermann são suas constantes viagens. A partir destas longas jornadas intercontinentais, o artista desenvolve seus Mental Maps: desenhos, pinturas e esculturas nos quais expressa plasticamente suas impressões de viagens. Para Ackermann, que se considera um nômade profissional, “No Direction Home” é a melhor alternativa de sobrevivência.
A vibração intensa da grande metrópole de São Paulo tem impulsionado inúmeras reflexões do artista acerca das diferentes realidades mundiais que existem na contemporaneidade. Seus trabalhos sempre apresentam referências a sentidos de orientação – linhas, espaços (públicos/ privados), “grids” -, há sempre um conflito de direções, provocando no espectador uma sensação vertiginosa de estar sendo absorvido por campos múltiplos sem um centro comum.
A instalação na Galeria 2 é composta por uma grande pintura a óleo sobre tela, duas pinturas redondas sobre madeira, uma pintura feita diretamente na parede e dezenas de fotografias. As pinturas redondas explodem em cores e são dispostas vertical e horizontalmente no centro da instalação, sobre bases giratórias. O artifício é uma forma que o artista encontrou para entrar no debate sobre a política da Cidade Limpa atualmente vigente em São Paulo: Ackermann acredita que outdoors são um mecanismo de comunicação e que escondê-los não é solução urbana, e envia o seu manifesto através de pinturas que são apresentadas como outdoors. A pintura/outdoor horizontal serve como um suporte para diversos objetos, como uma pequena mesa comprada pelo artista no Brasil, um pedaço de ferro – que a deixa semelhante a um relógio de sol já que sua base pode ser girada – e diversas revistas de moda e turismo. Já as fotos coladas à parede possuem um tom irônico: foram tiradas pelo artista em um exótico local intitulado Tropical Islands, a 60 km de Berlim, um resort que teatraliza o clichê de um ambiente tropical.
Nos últimos anos Ackermann expôs individualmente em importantes museus internacionais, como IMMA – Irish Museum of Modern Art, Dublin; Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri; Kunsthalle Basel, Basiléia; Museum of Contemporary Art, Chicago, e o Stedelijk Museum, Amsterdã. O artista participou da 50 Biennale di Venezia em 2003, da Bienal de Lyon e da 24 Bienal de São Paulo em 2004.