A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar narcissus, uma exposição com obras inéditas de Valeska Soares. O espelho é um importante elemento no vocabulário formal desta artista, que tem interesse declarado pela ficção e pela noção de lugares imaginários. O jovem que se apaixona por sua própria imagem refletida em um espelho d'água, é o tema de inúmeros trabalhos na história da literatura, nas artes plásticas e também na psicanálise. O mito de Narciso que perpassa algumas das obras anteriores de Valeska é tratado aqui de forma mais direta, com inteligência e inovação formal.
As três esculturas parecem manequins ou bonecas vestidas de saias. Elas aparecem em diferentes posições, sobre um "lago" de espelho instalado no chão da galeria. Esses trabalhos são o desenvolvimento tridimensional de uma série de desenhos que a artista vem fazendo há alguns anos sobre papel e porcelana. São pequenos esquetes, em que a figura humana aparece esboçada apenas. Tanto os desenhos quanto as esculturas tem um caráter imediato e um aspecto patético, entre o humor e a melancolia. As esculturas são feitas a partir de pequenos moldes que passam por um scanner 3D. Sua forma depois é aplicada sobre blocos de espuma em uma dimensão muito maior. Esta inversão de escalas faz com que escultura de tamanho quase humano, guarde a marca da mão, aparente no molde original. É como se estes bonecos estivessem no meio do caminho de virar gente.
narcissus relaciona-se também com a instalação Puro Teatro, apresentada em 2003 no Museo Rufino Tamayo, na cidade do México onde Valeska criou um imenso lago de espelhos situado em que os visitantes eram convidados a "andar sobre a água". Uma oportunidade de "participar de uma verdadeiro banquete de narcisismo", nas palavras de Cuahtemoc Medina, crítico e curador mexicano.
Valeska Soares participa este ano da 51ª Bienal de Veneza. Sua obra entrou recentemente para a coleção da TATE Modern, Londres.