Ampliada e reformulada, a Galeria Fortes Vilaça reabre no dia 19 de abril com a exposição Meu Prazer, da artista carioca Beatriz Milhazes. A artista, convidada para a próxima Bienal de São Paulo, não expõe na cidade desde 2000.
Meu Prazer apresenta 5 pinturas e 5 colagens, todas inéditas. A produção recente de Milhazes reafirma a importância da cor e o interesse pelo universo ornamental recorrente no desenvolvimento de sua obra, ao mesmo tempo em que revela surpreendentemente uma geometria de linhas retas. Nas colagens, a artista introduz uma nova técnica para alcançar os mesmos efeitos de composição pictórica, centrados na ressonância da cor e na conjugação do orgânico com o geométrico.
Nas telas, os quadrados, retângulos e listras desprendem-se do fundo da pintura para aparecer em primeiro plano. Nota-se forte referência às tradições da Op-Art e Geometria Abstrata, em contraponto ao vocabulário carnavalesco e barroco particular da artista. Milhazes estabelece uma composição dinâmica onde os elementos – arabescos, círculos, flores, listras e quadrados – se sobrepõem uns aos outros criando uma sensação ótica de constante movimento.
"Avenida Brasil" é uma tela horizontal de grandes dimensões e estonteante complexidade visual, onde retângulos de cor dourado, verde e lilás são separados por um horizonte de listras coloridas. Sobre esta paisagem, Milhazes cria uma seqüência de "acúmulos" pontuados pela caligrafia de arabescos escuros, que se destacam como sombra. A pintura "O Sonho de José", por sua vez, privilegia o lilás em muitas tonalidades numa composição centralizada.
Desde o começo dos anos noventa, Milhazes desenvolveu uma técnica própria que caracteriza sua pintura. A artista pinta os seus padrões – flores, mandalas, frutas, alvos, corações – sobre um pedaço de plástico. A pele de tinta que seca sobre o plástico é depois decalcada sobre a tela, que ganha, pouco a pouco, camadas superpostas de tinta.
Trabalhando com o mesmo princípio construtivo, Milhazes desenvolveu uma série de colagens, seu mais novo grupo de trabalhos apresentado pela primeira vez no ano passado no Domaine de Kerguéhennec – Centre d'Art Contemporain, na França. Nas colagens, a artista usa materiais cotidianos como embalagens de bombom e balas para recriar seu vocabulário pictórico.
Nos últimos anos, Milhazes tornou-se a pintora brasileira de maior reconhecimento internacional. No ano passado, ela representou o Brasil na L Biennale Internazionale d' Arte di Venezia. Este ano, além da XXVI Bienal de São Paulo, caberá a artista uma sala especial na exposição inaugural do 21st Century Museum of Contemporary Art em Kanazawa, Japão.
O trabalho de Milhazes integra as coleções do MoMA/New York, do Metropolitan Museum of Art/New York, do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, dentre outras instituições.