A Carpintaria tem o prazer de apresentar JULIO LE PARC & OSGEMEOS, exposição com curadoria de Pedro Alonzo que dá continuidade ao programa experimental do espaço, cuja vocação é a proposição de diálogos entre diferentes criadores, linguagens e formas de expressão. A mostra promove um encontro surpreendente entre artistas de trajetórias e abordagens distintas: Le Parc, consagrado artista argentino radicado em Paris, expoente do Concretismo e pioneiro da arte cinética; e os paulistanos OSGEMEOS, donos de um estilo único oriundo da street art e da iconografia popular, desenvolvido desde a década de 1990 em grandes murais e ambientes imersivos.

A exposição reúne vinte obras que revelam princípios comuns na produção pictórica de ambos, como o emprego da estrutura geométrica, a paleta de cores quentes e o repertório da op art. Le Parc exibe obras que vão desde a década de 1950 até as mais recentes, incluindo pinturas e um grande móbile reflexivo. OSGEMEOS, por sua vez, apresentam pinturas sobre madeira e uma série de esculturas com vasos de cerâmica, todas inéditas.

A obra de OSGEMEOS é frequentemente caracterizada por um estilo figurativo arrojado, imediatamente reconhecível. Um olhar mais atento, no entanto, revela uma atenção especial também no emprego da abstração geométrica, presente nos padrões coloridos que estampam seus cenários e nas roupas de seus típicos personagens amarelos. Essa desconstrução do trabalho de OSGEMEOS é o que leva a uma primeira aproximação com a obra de Julio Le Parc, não apenas no uso da cor e da geometria, mas também na intenção de romper as barreiras que separam arte e sociedade. Demonstra-se ainda no comprometimento mútuo de engajar o público através de encantamento e surpresa, atenuando o limite entre realidade e fantasia para desafiar a percepção.

Ao estabelecer um diálogo entre Julio Le Parc e OSGEMEOS, é fundamental considerar noções de arte e ciência, contemplando a aparente distinção entre a abordagem científica de Le Parc e o processo reconhecidamente intuitivo de OSGEMEOS. Em última instância, a exposição realça interesses comuns entre os artistas, assim como questiona as aparentes distinções entre método científico e processo artístico. Para obter sucesso na ciência ou na arte, há de se combinar pesquisa, intuição e, principalmente, a liberdade para experimentar.

Julio Le Parc nasceu em Mendoza, Argentina, em 1928. Vive e trabalha em Paris desde 1958. Recentemente, sua obra tem sido tema de grandes retrospectivas em instituições como: The Metropolitan Museum of Art (Nova York, 2018), Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2017); Perez Art Museum (Miami, 2016), Serpentine Galleries (Londres, 2014), Malba (Buenos Aires, 2014), Palais de Tokyo (Paris, 2013). Seus trabalhos estão presentes em diversas coleções: Albright-Knox (Buffalo), Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami), Daros Collection (Zurique), MAM-SP (São Paulo), Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris (Paris), MoMA (Nova York), Tate (Londres), Walker Art Center (Minneapolis), entre outras.

A dupla OSGEMEOS é formada pelos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, nascidos em 1974 em São Paulo, onde vivem e trabalham. Entre seus projetos recentes, destacam-se: Frist Art Museum (Nashville, 2019), Hamburger Bahnhof (em colaboração com Flying Steps; Berlim, 2019), Mattress Factory (Pittsburgh, 2018), Pirelli HangarBicocca (Milão, 2016), Vancouver Biennale (Vancouver, 2014), Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro, 2015), ICA (Boston, 2012). Suas obras estão presentes em diversas coleções importantes ao redor do mundo, como: MOT (Tóquio), Franks-Suss Collection (Londres), MAM-SP (São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo).

Pedro Alonzo é um curador independente baseado em Boston. Atualmente curador adjunto no Dallas Contemporary, ele já foi curador adjunto no ICA Boston (2011–2013) e no Instituto de Artes Visuais da Universidade de Wisconsin, Milwaukee (1996–2002). Desde 2006, especializou-se em produzir exposições que transcendem os limites das paredes dos museus e espalham-se pela paisagem urbana, apresentadas em várias instituições como: Museo Tamayo (Cidade do México City), Baltic Centre for Contemporary Art (Newcastle), Pinchuk Art Centre (Kiev), Museum of Contemporary Art (San Diego), MARCO (Monterrey).

Gostaríamos de agradecer à Galeria Nara Roesler, representante de Julio Le Parc, pela parceria neste diálogo tão especial.