Ana Claudia Almeida
Guandu, Paraguaçu, Piraquara
25 May – 5 Aug 2023
Abertura
23 May, 19h–21h
Carpintaria
Rua Jardim Botânico 971,
Rio de Janeiro
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A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de anunciar Guandu, Paraguaçu, Piraquara, exposição individual de Ana Cláudia Almeida (Rio de Janeiro, 1993) no Aquário da Carpintaria.
Tomando a pintura como eixo central de sua prática, Almeida cria abstrações que dialogam com a paisagem e com efeitos atmosféricos, expressos pela materialidade carregada de suas superfícies. A artista desloca a superfície pictórica para o espaço tridimensional, investigando outras possibilidades de apresentação para os seus trabalhos. Sua pesquisa, direcionada à reelaboração plástica do mundo físico, levou Almeida ao assunto de sua exposição: três rios brasileiros e suas histórias, cursos e associações simbólicas. Trata-se da trinca referida no título da mostra: o Guandu, rio que fornece água potável para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro; o Paraguaçu, margeado pelas cidades de Cachoeira e São Félix, no recôncavo baiano, uma via hídrica crucial no período colonial; e o Piraquara, que corta o bairro do Realengo na Zona Oeste do Rio. Cada um tem seu lugar na economia e na cultura local, e ocupa uma posição no repertório imaginário da artista.
Guandu (2023) é uma pintura a óleo de grandes dimensões cujas regiões de cor descontínuas ecoam uma vista aérea de uma bacia hidrográfica, com ilhotas, corredeiras, fozes e estuários em texturas ásperas e pinceladas vigorosas. Paraguaçu (2023) é um extenso tecido de lona pintado com pastel oleoso e resina que pende do teto e se apoia no chão, um volume presente no espaço expositivo. Sua superfície se reparte em dois campos principais, um trazendo grossas linhas enredadas em amarelo, entrecortadas por traços em tons de rosa e azul, o outro organizado por um mesmo motivo gráfico repetido replicando escamas de uma serpente. A relação entre o rio e a serpente evoca um movimento sinuoso, um fluxo de correnteza. Por fim, Piraquara (2023) é um curta-metragem, filmado em Super 8. Traz imagens do rio homônimo, justapostas a entrevistas com moradores da região. Poucos quilômetros depois da nascente, o Piraquara já é extremamente poluído, e os depoimentos orbitam as perspectivas de futuro, com os entrevistados tecendo uma narrativa que entrelaça o tempo, a ocupação humana e um destino ecológico coletivo.
O rio é uma metáfora que abriga sentidos que vão desde a transformação e mutação constante da natureza à passagem do tempo. Almeida remete à sedimentação e à erosão e os traduz, como processos eminentemente materiais, ao campo da pintura. Como uma mesma correnteza que concatena paisagens distintas, populações distantes e climas individuais, a prática de Ana Cláudia costura procedimentos, suportes e técnicas numa linguagem visual que tenta ligar a nascente à foz.