A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a nova exposição individual da artista mineira Rivane Neuenschwander. Fora de Alcance reúne obras de mídias variadas integradas por uma grande instalação na forma de cerca, que age como um dispositivo arquitetônico no espaço, bem como uma espécie de anteparo, ao atuar na aproximação do visitante em relação aos demais trabalhos da mostra.
A uma certa distância (barreiras públicas, São Paulo), tem como base a pesquisa da artista sobre cercas públicas usadas para delimitar locais de construção e propriedades privadas pelo Brasil. Estas barreiras são geralmente caracterizadas pela simplicidade e improviso dos materiais e quase sempre são destituídas de sua função de proteger. A instalação é constituída tanto de elementos encontrados como construídos, feitos de materiais comuns como madeira, vidro, metal, concreto, pedras e plantas e enfatiza o acaso como principio construtivo. Disposta em um desenho aleatório, a obra cerca muitas vezes o vazio ou a si mesma. Indica um percurso ao mesmo tempo que integra e reflete as outras obras na exposição.
Em Progressões de Fogo, Rivane cria intrincados desenhos com folhas de papel-de-arroz queimadas com incenso que partem de gráficos existentes de progressões de incêndios florestais. Mancha de Óleo são fotografias abstratas em preto e branco que mimetizam imagens feitas por satélites de derramamentos de petróleo no mar. Em Firmamento, sementes e polpa de um tomate são usados para criar, sobre pratos de porcelana, um emaranhado de linhas que remetem ao automatismo dos desenhos de ligar os pontos, mas que também se assemelham à constelações em uma carta celeste. Partindo da abstração, as três obras tangenciam de maneira indireta questões ambientais. A perspectiva aérea sobre estas questões é reforçada pelo uso das mesas de madeira onde as obras estão dispostas.
Em Monstra Marina, o público é convidado a levar moedas de sal feitas em uma prensa hidráulica. As moedas tem impressas, em uma de suas faces, relevos de diferentes monstros marinhos tirados de documentos e cartografias do século XVI. O uso do sal remete tanto ao mar quanto à origem da própria moeda, uma vez que o sal era usado como forma de pagamento na antiguidade. Como nos outros trabalhos, os monstros marinhos apontam para a noção de distanciamento, seja este físico, mental ou simbólico.
“A prática de Rivane Neuenschwander funde pintura, fotografia, cinema, escultura, instalação e ações participativas para destacar fenômenos localizados no limite do nosso campo de visão coletivo. Suas preocupações com o mapeamento, medição e sistemas de categorização chamam nossa atenção para facetas modestas, muitas vezes desdenhadas, porém extraordinárias, do mundo natural e do artificial.” Diz o curador Enrique Juncosa no livro produzido por ocasião de recente mostra internacional e itinerante da artista.
Rivane Neuenschwander é uma das artistas mais consagradas e internacionalmente conhecidas de sua geração; participou das 50ª e 51ª Bienais de Veneza, 3ª Bienal de Santa Fé, 5ª Bienal de Istambul, 24ª e 28ª Bienal de São Paulo, entre outras. Recentemente teve individuais no New Museum em Nova York, EUA; Malmö Konsthall em Malmö na Suécia; e no Irish Museum of Modern Art em Dublin, Irlanda. Seus trabalhos estão presentes em grandes coleções institucionais como a TATE Modern, Londres; MOMA, Nova York; Inhotim, Brumadinho; MACBA, Barcelona; MAM de São Paulo e Rio de Janeiro, entre outros.