A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a exposição fodasefoice de Nuno Ramos. O artista apresenta esculturas inéditas feitas em vidro e pedras, que se originam de variações formais de duas retas e duas curvas.
Ramos vem pesquisando as possibilidades combinatórias deste repertório geométrico simples há três anos. Deste novo vocabulário imagético surgiram, recentemente, formas que se assemelham a foices. Nas grandes esculturas expostas no galpão, as foices estão incrustadas umas nas outras e passam quase despercebidas.
Tubos de vidro transparentes simulam os cabos das foices, atravessando as lâminas de vidro e pedras e repousando no chão. Nestes tubos, como em tubos de ensaio, estão contidas misturas de líquidos variados como coca-cola e petróleo, glicose e formol, vinho e vinagre. Os líquidos se contrapõem à solidez e geometria do granito preto, mármore, vidro e quartzo avermelhado. As lâminas articulam significados opostos, como vida e morte, gozo e azedo, industrialização e natureza.
A foice abriu para Nuno Ramos um horizonte literário. Explorando a dubiedade da sonoridade da palavra – “foice”, substantivo, objeto símbolo da morte e “foi-se”, conjugação do verbo ir – Ramos criou uma pequena peça de teatro. Apresentada pela primeira vez em maio deste ano na FUNARTE de Belo Horizonte, a peça conta com a participação de duas atrizes. No meio do espaço expositivo há um monte de feno, duas caixas de som que emitem repetidamente “foda-se” e “foice”, e, sobre elas, as atrizes seguram duas foices que movimentam vagarosamente. O vídeo da encenação, feito por Cao Guimarães e Beto Magalhães, completa a exposição de Nuno Ramos no galpão. Mais uma vez, Ramos reafirma seu interesse em trabalhar de forma interdisciplinar com as linguagens das artes, neste caso, literatura, teatro e artes visuais.
Neste ano, o artista expôs individualmente na Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro, na Funarte de Belo Horizonte, no CCBB de Brasília e na Galeria Bernardo Marques em Portugal.