A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a exposição Coisa de Ninguém. Coisa de Todos. de Rivane Neuenschwander. Instalações e objetos inéditos ocupam ambos os espaços expositivos da galeria e confirmam a singularidade e complexidade da obra da artista.
Os trabalhos trazem um dos temas centrais de sua produção: a apropriação de elementos cotidianos geralmente negligenciados ou em iminente desaparecimento. Neuenschwander mostra ao espectador aquilo que sempre o circundou, mas que continuamente lhe passa despercebido. Apropria-se de desenhos, faixas urbanas e mobiliário popular – são imagens e objetos sem dono e/ou de autoria desconhecida. Coisas que pertencem a ninguém e consequentemente a todos.
A obra Atrás da porta reúne mais de uma centena de serigrafias sobre madeira de tamanhos e cores variados. As imagens impressas foram encontradas em portas e paredes de banheiros públicos das cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Nova York. Tanto suas dimensões quanto as cores dos fundos originais foram respeitadas pela artista. Além de tratar da questão da autoria, Atrás da Porta opera na fronteira tênue entre a experiência dos espaços público e privado.
Na instalação Uma ou outra palavra cruzada, inúmeros quadrados de tecido trazem costuradas letras extraídas das tradicionais faixas de comunicação que contaminam as ruas das cidades do país. Penduradas por fios presos ao teto e às paredes, diversas palavras se entrecruzam até a altura dos olhos, re-contextualizando mensagens e informações em uma imensa palavra cruzada tridimensional. Rivane se interessa pelas características inerentes aquilo de que se apropria, assumindo na obra sua carga simbólica, histórica e formal. Para a artista, apropriar-se de algo pronto evidencia o embate bem como a colaboração entre ‘acaso e controle’.
Em Mapa-Múndi/BR (Postal), a artista disponibiliza ao espectador sessenta e cinco cartões postais, que podem ser levados por quem visita a exposição. As fotografias impressas nos cartões são de diferentes estabelecimentos e locais espalhados pelo Brasil que têm, ironicamente, nomes de cidades e países estrangeiros, como um hotel chamado Novo México no interior do país e o edifício Tokyo no centro de São Paulo. Outro conceito chave da artista entra em jogo: a participação do espectador. Sem que o público necessariamente se dê conta, ele é responsável pela efetivação da obra: Mapa-Múndi/BR (Postal) se movimenta, propaga e viaja pelo mundo assim como cartões-postais tradicionais.
Rivane Neuenschwander é uma das artistas mais consagradas e internacionalmente conhecidas de sua geração; participou das 50ª e 51ª Bienais de Veneza, 3ª Bienal de Santa Fé, 5ª Bienal de Istambul, 24ª Bienal de São Paulo, entre outras. Neste ano esteve na coletiva Comic Abstraction no MOMA, Nova York e estará na 6ª Bienal do Mercosul, além de ter seus trabalhos figurando em grandes coleções institucionais internacionais, como a TATE Modern, Londres e o MoMA, Nova York.