Rodrigo Matheus
Antes do Presente | Time Before Present
23 Mar – 18 May 2024
Abertura
23 Mar, 14h–18h
Galpão
Rua James Holland 71
São Paulo
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Antes do presente, a primeira exposição individual de Rodrigo Matheus com a galeria desde 2018, abre no dia 23 de março na Fortes D’Aloia & Gabriel, em São Paulo. A mostra é uma instalação imersiva onde o artista costura cenas de um tempo ambíguo, entre o passado remoto, o futuro distante e o presente suspenso entre eles. Compondo a obra com espículas de aço e cabelo sintético, Matheus investiga noções de começo e fim, da formação telúrica da Terra à contaminação e degradação do meio-ambiente.
Por meio da produção de um sítio arqueológico especulativo, Rodrigo Matheus dobra a linha do tempo que nos conecta aos idos remotos da representação, criando um tableau panorâmico onde coexistem diferentes temporalidades sobrepostas. O título da exposição faz referência a uma medida de tempo, empregada em disciplinas científicas para a datação de eventos ocorridos a partir da alteração da composição química do globo pelos experimentos nucleares.
O artista converte o espaço expositivo num misto de caverna pré histórica e panorama contemporâneo. Desenhos e grafismos que citam pinturas rupestres, pictogramas arcaicos e a história da arte moderna negociam sua autonomia em meio a imagens transitivas e saturadas. Num exame das pulsões representativas humanas, Matheus inclui em seu vocabulário pictórico o desenho de uma girafa encontrado numa caverna no deserto do Saara, uma cabeça de cavalo da caverna de Chauvet e negativos de mão indonésios de Kalimantan-Bornéu, que datam de mais de 45.000 anos atrás. O artista assim tece uma crítica à tradição dos saques arqueológicos, reprocessando a prática como um motor para a criação de espaços híbridos.
Tal configuração conceitual é uma constante da pesquisa do artista, cujas esculturas e instalações investigam os regimes de produção do objeto e os modos destes se inscreverem em campos de sentido pelo reprocessamento de bens de consumo. Matheus descortina as estruturas de poder por trás da informação, transformando a apresentação visual num campo em disputa, atravessado por vetores plásticos, simbólicos e sociais.