A Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a segunda exposição individual do artista norte americano Robert Mapplethorpe na galeria. As trinta e três fotografias – todas em preto e branco e realizadas entre 1979 e 1989 – exploram as aproximações formais entre duas conhecidas vertentes da produção de Mapplethorpe: fotos de corpos nus e de flores.
As obras são penduradas lado a lado, intercalando os dois gêneros fotográficos. As curvas da fisiculturista e performer Lisa Lyon, personagem constantemente retratado por Mapplethorpe, se refletem na fotografia de um copo de leite; um torso masculino musculoso clicado de costas, de braços e pernas abertos, se assemelha a uma complexa orquídea vista de cima. O retrato da cantora Patti Smith envolta em uma cortina branca, tem texturas e formas quase iguais às do copo de leite colocado ao seu lado. As fotografias se afastam de um apelo sexual explícito, mostrando de forma sutil o que alguns críticos apontam: o fato de que “Mapplethorpe nunca conseguiu definir a diferença entre flores e genitais”.
O artista era obsessivo por composições perfeitas, equilibradas e simétricas. A combinação de uma luz de estúdio fria, um foco preciso e um balanço entre as sombras, dá às fotos contrastes dramáticos. Através do enquadrando fotográfico, Mapplethorpe fragmentava o objeto fotografado, transformando corpos humanos e flores em formas escultóricas.
Perfection in Form, uma das maiores exposições póstumas já realizadas sobre a obra do artista, inaugura em 26 de maio na Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, Itália. Assim como a mostra na Galeria Fortes Vilaça, esta exposição também explora a relação entre as fotografias de Mapplethorpe e formas escultóricas. Em Florença, 91 fotografias dividem o espaço com esculturas renascentistas do acervo da instituição, que conta com o célebre David de Michelangelo. Estabelecendo-se assim um diálogo fértil entre duas linguagens diferentes e entre produções artísticas realizadas em tempos e culturas distantes.
Atualmente, a obra de Robert Mapplethorpe é reconhecida e aclamada mundialmente. Em 1987 ele criou nos EUA a Fundação que carrega seu nome, com o intuito de promover a fotografia, ajudar museus a exibirem obras fotográficas e angariar fundos para pesquisa e luta contra a AIDS. Desde sua morte 1989, sua obra é tema de diversas exposições retrospectivas ao redor do mundo, incluindo Centre Georges Pompidou, em Paris, Museu Stedelijk, em Amsterdam, Whitney Museum of American Art e Guggenheim Museum, em Nova York.