Em sua primeira exposição individual no Brasil, o artista britânico Cerith Wyn Evans apresenta obras que exploram de forma interdisciplinar artes visuais, música, cinema e literatura.
Considerado um dos melhores artistas da atualidade, Wyn Evans começou a se destacar no início dos anos 1990, quando fez parte do grupo Young British Artists, junto a nomes como Damian Hirst e Tracey Emin. Toda sua obra estrutura-se de forma intertextual. Wyn Evans não é o autor dos textos, imagens ou músicas presentes em seus trabalhos, ele se apropria e orquestra o que já foi produzido por alguém anteriormente.
Adotando diferentes suportes, como instalações, esculturas e fotografias, Wyn Evans apresenta uma exposição que manobra o espectador, fazendo com que ele percorra um labirinto de referências. Na obra … later on they are in a garden … o artista reproduz, em letras luminosas de neon, um trecho do texto da foto-novela de Chris Marker, La Jetée, de 1962. O curta-metragem de Marker trata da busca pela memória autêntica; em um universo fantástico, um homem tenta contar para sua namorada um sonho em que prevê sua própria morte. Wyn Evans utiliza o neon constantemente, tanto para criar esculturas simples e de pequenas dimensões, como para compor grandes e complexas instalações
Em After La Monnaie Vivante, – título emprestado do livro homônimo do artista e filósofo Pierre Klossowski – Cerith faz uma projeção de uma imagem da encenação do texto, em 1970. A imagem transforma-se lentamente, passando do negativo para o positivo e vice versa num ritmo bem lento. Na foto, uma mulher vestida apenas com lingerie está sentada no colo de um homem de barba.
O artista apresenta também uma obra puramente sonora, feita a partir da compilação de trechos de diferentes gravações de música erudita contemporânea. Ele digitaliza, recorta e sobrepõe tais pedaços, criando uma nova composição polifônica de uma hora de duração. A presença da linguagem musical se completa com a execução de uma performance na abertura da exposição: a convite de Wyn Evans, a flautista Susan Stenger, tocará as experimentais composições “Density 21.5” de Edgard Varese e “Fontana Mix” de John Cage.
Cerith Wyn Evans nasceu em Wales, atualmente vive e trabalha em Londres. Suas participações em mostras coletivas incluem as Bienais de Veneza de 1995 e 2003; a 9ª Bienal Internacional de Istambul em 2005, a 11ª Documenta de Kassel em 2002, entre outras. Suas exposições individuais mais recentes aconteceram no MUSAC – Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León, em Leon, Espanha, 2008; no ICA – Institute of Contemporary Arts, Londres, UK, 2006; no Musée d’art moderne de la ville de Paris, também em 2006; no Kunsthaus Graz, 2005; Museum of Fine Arts de Boston, 2004, e no Frankfurter Kunstverein, também em 2004.