José Antonio Hernández-Diez

16 Jul – 14 Aug 2004


Galeria Fortes Vilaça

O artista Venezuelano José Antônio Hernández-Diez retorna a São Paulo para inaugurar exposição na Galeria Fortes Vilaça, dois anos após sua participação na XXIV Bienal de São Paulo. Sua última mostra comercial na cidade aconteceu na Galeria Camargo Vilaça em 1999.

Na obra de Hernández-Diez, cultura sofisticada e cultura popular se entrecruzam, referências filosóficas são traduzidas em formas e imagens cotidianas. O trabalho trava uma relação direta com o mundo em que vivemos. Nesta exposição, os traços da vida contemporânea mais uma vez encontram-se presentes, manipulados e reconstruídos dentro da obra.  O artista apresenta duas esculturas, uma grande e outra pequena, que incorporam a forma estilizada de uma série de escadas-rolantes apoiadas sobre cubos de madeira.  O resultado é formalmente pós-minimalista, embora a leitura das obras sucite interpretações mais irônicas ou até mesmo emotivas.

O título da obra maior, "Gulliver", provavelmente refere-se à imagem poderosa de escadas rolantes em shopping centers e aeroportos, abordadas pelas pequenas pessoas.  A escultura também remete a um espaço cinematográfico, de 'traveling', se pensarmos nas pessoas que sobem e descem nas escadas-rolantes, cruzando olhares brevemente e depois seguindo direções opostas, um cruzamento de momentos.

O artista se apropria da imagem familiar de roupas ordinárias como calças jeans e camisetas de malha para compor uma série de evocativas fotografias em preto-e-branco. Estas composições são intituladas "Cuidados" e mais uma vez integram a realidade, tanto externa quanto íntima, pois o que temos de mais próximo é nossa roupa que, para durar, requer certos cuidados como lavagem a temperaturas específicas. Por detrás de uma imediata aparência pop, as fotografias retratam analogias com relações pessoais.

Residente em Barcelona, Hernández-Diez expôs no começo deste ano na Galeria Estrany de la Mota naquela cidade, e ano passado participou da última edição da Bienal de Veneza, sob a curadoria de Carlos Basualdo. Em 2002, a obra do artista mereceu uma mostra retrospectiva no New Museum of Contemporary Art, New York.

Imagens