Gil Heitor Cortesão

31 Oct – 7 Dec 2002


Galeria Fortes Vilaça

A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a exposição do artista português Gil Heitor Cortesão, no mezanino. São quatro pinturas a óleo que usam acrílico como suporte e criam espaços imaginários de forte impacto visual.

O artista se apropria de imagens fotográficas de diversas proveniências: revistas, postais, livros de arquitetura, ou fotografias que ele mesmo tira. A partir de uma estrutura definida por estas imagens, Cortesão desfaz contornos e superfícies, criando novos planos e situações com cores densas que chama "sujidades coloridas".

A imagem não está na superfície, mas atrás dela. Cortesão pinta por trás do acrílico, como quem escreve ao contrário. A tinta escorre nas imagens, rastros e respingos imprimem velocidade, há uma variedade enorme de cores e texturas. O que vemos, no entanto, é uma superfície lisa e brilhante, que oculta a textura e o trabalho manual. O acrílico retira o peso, perde-se a materialidade, o que privilegia um aspecto onírico das imagens. Como nos sonhos em que a noção de peso e do nosso próprio corpo é alterada.

Numa das pinturas, uma casa inabitada é cortada por uma linha horizontal. Acima do horizonte a casa está de frente, abaixo o que se vê é o seu lado oposto. Aqui Cortesão usa os dois lados do acrílico para pintar, dois lados do mesmo objeto aparecem espelhados. Em uma outra pintura, vários livros estão arranjados como um castelo de cartas, numa construção de tom surrealista. Nas outras obras, a ênfase recai sobre fragmentos da arquitetura urbana, casas, edifícios e estradas; um tema recorrente na obra do artista.

"As suas paisagens são do campo da probabilidade e não do da verdade(…) Por isso suas paisagens urbanas, vistas amplas ao ar livre ou interiores gélidos e abandonadas nos predispõem a uma sensação de angústia. Elas não são paisagens no sentido naturalizado do termo. Não podemos localizá-las ou saber-lhes o nome".

Esta é a primeira individual de Gil Heitor Cortesão no Brasil.

Imagens