Adriana Varejão

Secos e Molhados

Mar 22 – Apr 30, 2002


Galeria Fortes Vilaça

A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar o novo trabalho de Adriana Varejão. São cinco pinturas de grandes proporções, que ocupam todo o andar térreo da galeria.

Adriana vem desenvolvendo em seu trabalho pesquisas que examinam nossa identidade cultural. No rico imaginário barroco de suas obras estão presentes técnicas de confecção de porcelanas, azulejos e tatuagens. O corpo da pintura também é uma expressão recorrente; rupturas na tela apresentam um interior visceral sangrento, formado de elementos escultóricos como se feitos de sangue e carne.

Nos trabalhos da série de Charques, em que superfícies de azulejos recobrem camadas de “carne” pintadas, a artista partiu de uma pesquisa com azulejos dos anos 60 e 70 para recuperar o que chama de “estampas vulgares de banheiro e cozinha”. Explorando ao máximo a fisicalidade da obra, esses novos trabalhos desenvolvem idéias apresentadas na última individual da artista em São Paulo. Numa das obras uma parede de azulejos é interceptada por outra que lhe é perpendicular, dividindo a superfície em dois planos distintos, um recoberto com azulejos monocromáticos e o outro com uma mistura de estampas.

Nas duas pinturas intituladas Ambientes Virtuais, Adriana retorna a questões fundamentais da pintura como plano e cor, partindo de imagens produzidas digitalmente em softwares de 3D. A tridimensionalidade característica no desenvolvimento da obra da artista é recuperada, dessa vez virtualmente, no plano bidimensional da pintura.

Diz a artista: “Minha ficção não pertence a nenhum lugar ou tempo específico, se caracteriza ao contrário por temas que lidam com ruptura e descontinuidade. São histórias sobre o corpo, a medicina, sobre pintura e sobre o Brasil, sobre tatuagens (…) Tudo é contaminado. No meu trabalho a formação da cultura brasileira desde o período colonial em diante é usada como uma metáfora para o mundo atual. Os trabalhos incluídos na série de Charques são como ruínas contemporâneas, paredes que deixam sua natureza rígida, insensível e inumana para tornar-se carne.”

Adriana inaugurou em janeiro uma exposição na Victoria Miro Gallery em Londres. Este ano, Adriana faz ainda exposições individuais na Galeria Soledad Lorenzo em Madri, e na Lehmann Maupin, em Nova Iorque. Outro destaque é a sua participação na mostra Tempo, curadoria de Paulo Herkenhoff que acontecerá no MOMA/NY, onde a artista expõe a instalação monumental Azulejões.

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