A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a exposição “A Nova Geometria”, uma curadoria de Adriano Pedrosa.  Esta coletiva reúne 54 trabalhos de 43 artistas nacionais e internacionais, estabelecendo um diálogo entre nomes já consagrados e jovens talentos das artes plásticas.

A exposição de Adriano Pedrosa marca o início de um novo projeto da galeria que busca incentivar o debate intelectual em torno da produção artística atual no Brasil e no mundo.  Anualmente, a galeria convidará um curador respeitado, com trânsito internacional, para desenvolver uma mostra coletiva centrada sobre um tema de relevância no cenário contemporâneo. O resultado desta pesquisa curatorial ocupará todo o espaço expositivo da galeria.

Adriano Pedrosa foi o curador convidado para inaugurar o projeto por sua forte atuação no país – mais recentemente como curador do Museu da Pampulha em Belo Horizonte – e no exterior. Pedrosa é consultor da feira ARCO, em Madrid; co-curador do projeto Insite 2005, em San Diego-Tijuana; e faz parte do júri do prêmio Hugo Boss Guggenheim 2005, em Nova York. Em 2004, será a vez do curador português Alexandre Melo.

“A Nova Geometria”  especula sobre as relações entre a arte atual e a tradição geométrica, tomando como contrapontos históricos o Construtivismo russo, o Minimalismo americano, o Concretismo e o Neoconcretismo brasileiros, entre outras. Central na visão do curador é a percepção de que as obras na exposição extrapolam a pureza da geometria, absorvendo aspectos do cotidiano e nublando os limites da abstração.  Elementos como representação e figuração, tradicionalmente negados pela geometria, permeiam várias das obras.  Isto não quer dizer que as obras não apresentem rigor formal. Tampouco trata-se de um ataque aos valores tradicionais da geometria, mas de um acúmulo e de sobreposições destas e de outras noções, criando um rico diálogo.

Muitos dos artistas presentes na exposição buscam na arquitetura inspiração para suas obras.  A mostra inclui uma fotografia da casa Shroder de Gerrit Rietveld, um marco da arquitetura construtiva alemã, do japonês Hiroshi Sugimoto. Adriana Varejão, destaque do Panorama da Arte Brasileira, recria em desenho um ambiente virtual recoberto de azulejos. A dupla dinamarquesa Michael Elmgreen e Ingar Dragset mostra distorções fotográficas dos espaços das quarto galerias que os representam, numa crítica ao cubo branco. O jovem paulistano Marcelo Cidade se apropria pedaços de calçadas paulistanas com desenhos geométricos, em um trabalho que remete ao minimalismo de Carl Andre. Pedro Cabrita Reis, representante de Portugal na recente edição da Bienal de Veneza, exibe uma justaposição de materias de construção.

Outros trabalhos revelam uma reinterpretação gráfica da realidade, como a pintura “Bathroom Floor (Blue)” da americana Sarah Morris, as fotos de construções berlinenses do alemão Frank Thiel, ambos presentes na última bienal de São Paulo; e as fotos inéditas que a italiana Luisa Lambri fez no Brasil sobre obras de Niemeyer. Lambri foi também presença marcante na Bienal de Veneza.

O americano Corey McCorkle transforma a escada da galeria em sua obra ao preencher os espaços entre cada degrau com retângulos de plástico colorido. Duas importantes esculturas do inglês Liam Gillick, participante da última Documenta de Kassel, dialogam com o design, utilizando a  sobreposição de cores fortes para bloquear o espaço. Já o brasileiro Iran do Espírito Santo trata de noções geométricas através da precisão no uso de matérias, em um conjunto de obras de superfícies e arestas perfeitas.

Os três desenhos do mexicano Gabriel Orozco, também na Bienal de Veneza,  relevam um surpreendente interesse pela pureza matemática. Em contrapartida, o trabalho do também mexicano Damián Ortega adota o mais ordinário como suporte – em “Futebol Neoconcreto”, uma linha contínua é traçada sobre uma mesa de futebol de botão, numa alusão às pinturas neoconcretas de Clark e Oiticica e aos diagramas técnicos das jogadas de futebol. Em “Coluna Dominó”, Rivane Neuenschwander constrói um a coluna brancusiana do chão ao teto da galeria, utilizando-se de caixas de papelão comum.

Autor do pavilhão mais notável da última Bienal de Veneza, o dinamarquês Olafur Eliasson apresenta uma nova escultura com referência direta a sua impressionante instalação na Tate Modern, em Londres, onde criou um enorme sol artificial. Um globo geometrizado, com luz estroboscópica, projeta uma intricada trama de linhas nas paredes.