Barrão

8 Oct – 7 Nov 2009


Galeria Fortes Vilaça

A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a exposição do artista carioca Barrão. Desde 1992 sem expor em São Paulo, Barrão apresenta dez esculturas inéditas construídas a partir de um processo de colagem de fragmentos de objetos de louça.

O artista começou a trabalhar com apropriações de objetos cotidianos nos anos 1980. Desde então, já utilizou eletrodomésticos, como geladeiras, batedeiras e televisões e, mais recentemente, passou a criar esculturas com louças decorativas; sempre mantendo o interesse de subverter – com humor e ironia – o sentido original dos objetos.

Barrão agrupa os pedaços de coisas, colando-os com durepox e deixando a emenda à vista na escultura finalizada. Como aponta Luis Camilo Osório, “alguns pedaços podem sugerir novas formatações e o resultado surge dos acidentes do percurso – propósito e acaso caminham juntos”. As obras são orientadas por questões escultóricas clássicas, como a preocupação volumétrica. Em todas as esculturas tem-se um volume coeso central do qual partem as extremidades.

Dando preferência a objetos do imaginário popular, usados e antigos, as esculturas são carregadas de referência pop e kitsch. Para Barrão, os objetos dos quais se apropria não seguem qualquer lógica hierárquica. Seu interesse é focado nas formas, cores e tamanhos, assim, um elefante, uma caveira, um buda, uma xícara, um bule ou um gatinho, pertencem à mesma classificação.

Em Delícia Tropical, uma série de xícaras, vasinhos, potes e pedaços de peças decorativas com frutas estampadas, equilibram-se formando um colorido e estreito totem, que alcança a altura de 1,90. Em sua ponta há quatro pequenos papagaios de louça. Ninfas Derramadas é formada por pequenas esculturas de deusas gregas com os bustos desnudos dispostas de cabeça para baixo. As delicadas deusas formam uma espécie de cauda branca para o resto do acúmulo de fragmentos de xícaras azuis que completa a obra.

Outro “ajuntamento imprevisível” é visto em Hospedeiros, em que um cachorro de louça tem sua cabeça cortada e separada de seu corpo e, entre as partes, o artista cola uma série de outros objetos prontos, como um elefante, um bule e um cabo de guarda-chuva.

É possível identificar em suas obras um espírito curioso que se diverte ao desmontar objetos, para depois grudá-los de forma a estabelecer uma nova ordem de funcionamento para eles. Deixando de lado a utilidade doméstica ou decorativa destes objetos, Barrão desordena e destrói, para depois construir suas obras.

Imagens