JMP_Galpao_16b

João Maria Gusmão
Pedro Paiva

Um cão com uma cauda notável

11 Aug – 10 Nov 2018


Abertura

11 Aug, 14h–17h


Galpão

Rua James Holland 71
São Paulo

Como chegar


Download

Press release (PT)

Press release (EN)

Um cão com uma cauda notável, um truque de circo indescritível com seres microscópios do espaço, um arco-íris, um calçado muito desconfortável mas eterno, os últimos dias de uma pulga minúscula num mundo fictício, uma melancia bidimensional que se parece com a lua de lado, a fonte da juventude, um pôr-do-sol perpétuo seguido pelo cair da noite, um elefante de 20 centímetros, uma limonada que sabe a laranja, um comboio a vapor fantasma que segue para norte e para sul ao mesmo tempo, um planeta feito de queijo, neve a cair na Antártida enquanto toda a gente dorme, um dromedário bastante grande a tomar banho numa banheira consideravelmente pequena, um ecrã pousado durante muito tempo numa pedra arredondada, um quadro suprematista que Kazimir Malevich nunca terá conseguido fazer, etc e tal…*

 

 

A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar Um cão com uma cauda notável, a nova exposição do duo português João Maria Gusmão & Pedro Paiva no Galpão (Barra Funda). A mostra é composta por uma sala com seis projeções de slides, além de um grupo com quinze esculturas em bronze patinado. Nas obras, os artistas examinam nossa relação com a realidade para subvertê-la com humor e sensibilidade, conferindo às coisas triviais uma aura enigmática.

Instaladas em uma sala escura, as seis projeções exploram a linguagem do filme – ou, mais especificamente, do proto-cinema – através de um complexo sistema de projetores alterados, filtros e mecanismos em sincronia. As imagens são formadas com diferentes camadas e projetadas em um processo similar à lanterna mágica, aparelho inventado no século XVII. Padrões simples e coloridos formam imagens cinéticas: uma torneira abrindo e fechando, a neve caindo, a silhueta de um camelo passando na frente das pirâmides. Episódios banais ganham contornos fantasiosos, como em um truque de ilusionista.

No grupo de esculturas, a dupla também utiliza bases esquemáticas simplificadas para criar as figuras. Eles optam por modelar não as peças em si, mas seus moldes – um recurso que abre possibilidades ao acaso e os afasta de qualquer apreensão de estilo. A lógica dos trabalhos está intimamente relacionada ao desenho feito despretensiosamente, em uma ação quase distraída, como acontece em Duas marteladas ou em Escultura grávida. Outras obras apresentam-se como droodles em três dimensões que propõem enigmas com associações inusitadas entre a peça e seu título: uma forma ovoide sobre um plano é um Dromedário debaixo de água, enquanto um relevo quadrado com padrões circulares é Canto de queijo.

João Maria Gusmão (Lisboa, 1979) e Pedro Paiva (Lisboa, 1977) colaboram desde 2001 criando filmes, esculturas, fotografias, instalações e publicações. Suas individuais recentes incluem: Lua Cão (com Alexandre Estrela), Kunstverein München (Munique, 2018); The Sleeping Eskimo, Aargauer Kunsthaus (Aarau, Suíça, 2016); Papagaio, mostra itinerante que passou por Hangar Bicocca (Milão, 2014), Camden Arts Center (Londres, 2015) e KW Institute for Contemporary Art (Berlim, 2015); The Missing Hippopotamus, Kölnischer Kunstverein (Colônia, 2015). Dentre as coletivas, destacam-se as participações nas Bienais de Veneza (2013, 2009), de Gwangju (Coreia do Sul, 2010) e de São Paulo (2006).

 

 

* O título da exposição, Um cão com uma cauda notável, refere-se à descrição de um elemento que acompanha uma escultura de um busto em bronze. Este busto, exercício formal de pareidolia rochosa, vagamente humanoide, faz-se acompanhar, portanto, por um cão; parcela praticamente insignificante tendo em conta a parafernália de esculturas e projeções mostradas no Galpão. Os artistas, inconformados com a extensão canina que um título pressupõe, que neste caso, de forma redobrada, por nomear apenas um detalhe, uma forma selecionada, um momento espiralado, artificial e quase aleatório de um atributo (cauda notável) de uma figura acessória (o cão) da própria escultura (o busto), e assumindo a vocação descritiva nos restantes trabalhos expostos, propõem o seguinte segundo título.

Imagens

Vistas da exposição
Obras

Vistas da exposição

Obras

Notícia relacionada